27 de janeiro de 2017

Menina não joga

Desde sempre que gostei de dar uns toques na bola, era mais ou menos "maria- rapaz" quando era miúda e hoje tenho uma filha que joga à bola com os colegas da escola e que me deixa muito orgulhosa.

Na semana passada as minhas alunas de 9 e 10 anos queixaram-se que os miúdos da turma não as deixavam jogar futebol no intervalo. Lá desbobinei o que acho correto, como professora e como mulher: a igualdade dos géneros e a importância de sermos amigos uns dos outros, partilhando um jogo de futebol, não olhando a géneros ou capacidades futebolísticas. Deste modo ficou combinado que hoje ( eles só jogam futebol à sexta-feira) as miúdas levariam uma bola e os miúdos partilhariam o campo com elas. Acreditei que eles (os rapazes que jogam, pois nem todos o fazem) fossem capazes de algo tão bonito como isto: dividir o campo e deixá-la jogar, mal ou bem.  Mas não...
Correu tudo mal pois ainda há miúdos "machistas" que acham que as miúdas devem é brincar às casinhas. Elas bem que tentaram, invadindo o campo e relembrando o combinado mas não foram ouvidas por quatro ou cinco dos garotos.
Alegaram que elas não sabem jogar, que tocam na bola com a mão, blá, blá, blá...

Conclusão... fiquei triste, as miúdas ficaram tristes e alguns dos rapazes acabaram por perceber e ficaram tristes também.

Infelizmente não está nas minhas mãos mudar a mentalidade dos garotos, por mais que tente, por mais que lhes mostre o caminho correto a seguir, há sempre uma educação que já vem do berço.

Acabei por me dirigir às meninas dizendo-lhes que não precisam do campo de futebol para nada... Há no recinto da escola outros espaços onde elas poderão jogar sem miúdos e sem chatices.
Na próxima sexta-feira levarei os meus ténis e irei jogar com elas!

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